Paradoxalmente, as razões para o sucesso do Brasil também são a fonte dos seus problemas. Nos últimos cinco anos, o crédito cresceu até chegar a 45% do tamanho da economia. Assim, os brasileiros encontraram crédito para comprar casas, motos, geladeiras e muito mais, muitos deles pela primeira vez. E não se importaram que a taxa de juros sobre estes empréstimos seja a segunda maior do mundo ou que as famílias brasileiras devem dedicar atualmente cerca de 20% de seus rendimentos para pagar suas dívidas.
Os fluxos de capital estrangeiro e as receitas de exportação têm enchido os cofres brasileiros com câmbios de outros países, o que aumentou o valor da sua moeda. A taxa de câmbio ajustado para a inflação é atualmente cerca de 47% mais caro do que sua média na última década. O real é a moeda mais sobrevalorizada do mundo.
Inevitavelmente, a combinação de uma moeda cara, a euforia dos investidores estrangeiros, o aumento do consumo e o estrangulamento dos gargalos que existem para atender uma demanda que cresce rapidamente, tornam tudo mais caro. O Brasil, que continua a ser um país muito pobre, é atualmente um dos países mais caros do mundo.
E a inflação aumenta para todos, a ponto da presidenta Dilma Rousseff, ter dito que era sua principal preocupação. A economia brasileira, tem aspectos insustentáveis. A expansão do crédito e o crescimento da despesa pública não podem continuar no ritmo atual.
O governo chinês investe anualmente em infraestrutura (estradas, aeroportos, hospitais, etc.) um montante equivalente a 12% de sua economia. O Brasil, apenas 1,5%. Isso explica em parte porque a economia brasileira se "requenta". O que aconteceria se crescesse 10% por anos seguidos? Sua infraestrutura decrépita não iria permitir.
Ou a presidente Dilma Rousseff baixa o som da festa, e faz isso agora de uma maneira controlada, ou os mercados “farão por si mesmo” de forma descontrolada e socialmente mais dolorosa. A euforia e a complacência são os inimigos mais ameaçadores para o sucesso atual do Brasil. (Cesar Maia)
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