quarta-feira, 8 de junho de 2011

A segunda queda: Dilma dá as costas a Palocci.

PALOCCI CHEGOU A ACHAR QUE SERIA SALVO POR GURGEL, MAS AS REAÇÕES QUE SE SEGUIRAM MOSTRARAM FALTA DE APOIO POLÍTICO.
Por Vera Magalhães, na Folha de São Paulo:
Pelo menos cinco fatores ajudam a explicar por que se tornou inevitável a segunda queda de Antonio Palocci da função de ministro mais importante da República em menos de cinco anos.
Palocci chegou a achar que o fato de o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ter lhe dado um salvo-conduto seria condição suficiente para que ele permanecesse na Casa Civil.
Mas as reações imediatamente subsequentes à decisão de Gurgel mostraram que a esperança era infundada.
A cúpula do PT paulista estava reunida no momento em que foi anunciado o arquivamento da representação contra Palocci. Os presentes trataram de vaticinar: nada mudara, e a situação política do ministro era insustentável.
No dia seguinte, fracassou a tentativa de fazer com que os senadores petistas assinassem uma nota de apoio ao ministro, que daria lastro político à arriscada decisão que teria de ser tomada pelo presidente da Câmara, Marco Maia, de anular a convocação de Palocci por uma comissão da Casa.
Nada feito.
Portanto, o primeiro fator a explicar a queda de Palocci é seu próprio partido, que nunca saiu em sua defesa.
A segunda razão é que passou a ser real o risco de uma CPI no Senado. E graças ao apoio de senadores da base de Dilma Rousseff.
Uma CPI nos seis primeiros meses de gestão anularia a maioria de Dilma no Congresso, a obrigaria a partir para a negociação no varejo com os partidos aliados e poria em risco projetos cruciais, como o Código Florestal.
Em terceiro lugar, manter Palocci a despeito do enorme custo político carimbaria em Dilma a imagem de uma presidente que se guia pela opinião do antecessor.
Era Lula, e não ela, que queria dar uma sobrevida a Palocci.
No cálculo que levou Dilma a bater o martelo pesou, ainda, o fato de que ninguém estava seguro, no governo, de que não haveria novas revelações envolvendo suas atividades empresariais.
Junte-se a esse cenário o fato de que o mercado financeiro, grande avalista do ministro, não se sensibilizou diante de seu calvário, e tem-se a pá de cal em seu destino.
A pergunta que sobra é: por que Palocci, tão bem-sucedido como consultor, se agarrou tanto ao cargo?
Duas vezes defenestrado do posto de primeiro-ministro de fato de dois presidentes, Palocci terá de rever, de novo, seu projeto político -em 2006, queria ser presidente; agora, pavimentava caminho para disputar o governo de São Paulo.

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