sábado, 7 de maio de 2011

Rasgando a Carta Magna.

A partir de ontem, tudo passa a ser muito simples no Brasil. Quem quer que ache que está sendo prejudicado por algo que o Congresso deixou de votar tem de recorrer ao Supremo.
Se os ministros considerarem boa a alegação, corrigem a falha — mesmo sem mudar o texto constitucional… Porque a tanto não chegam.
Há uma penca de valores gerais na Constituição que justificam qualquer coisa: igualdade perante a lei, dignidade, função social da propriedade, proteção à privacidade etc.
O Supremo passou a ter poderes constituintes. Está pronto a fazer o que lhe der na telha.  Depende, agora, do bom senso de seus membros, não mais do texto.
Alguém dirá: “Tá vendo como é ruim ter um Congresso reacionário?” Pois é… Onde é que está escrito que ele tem de ser, necessariamente, “progressista”, segundo o que a metafísica influente entende por “progressismo”?
Até ontem, Montesquieu era um sábio; agora, é só um banana. Tripartição de Poderes uma ova!
A democracia representativa é mesmo uma porcaria, o pior de todos os regimes, com exceção de todos os outros que têm sido tentados de tempos em tempos, não é mesmo, Churchill.
Lamento! A única coisa correta que o Supremo tinha a fazer ontem era constatar: com esta Constituição, o pleito de equiparar LEGALMENTE - NÃO É UMA QUESTÃO MORAL - as uniões hétero e homossexuais é impossível.
Cada um dos 10 ministros que votaram poderia até ter apontado o caráter discriminatório do Artigo 226, sua inatualidade, o que fosse… Decidir contra o que lá está escrito, afirmando que o que está lá não é bem aquilo , é, lamento a qualificação, vergonhoso.
Isso é um pouco mais do que ativismo judicial: trata-se de usurpação de prerrogativas de outro Poder. Como o Brasil anda “progressista” a mais não poder, agride-se um fundamento da democracia, e os “modernos” aplaudem, saudando o fim do obscurantismo. 
Como sempre, o politicamente correto produz iluminismo obscurantista.
E isso nada tem a ver com o que foi votado! Nada! Zero!
Só para levar a tese ao limite: digam-me uma só tirania que não tenha sido implementada alegando bons propósitos.
* Texto por Reinaldo Azevedo

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